quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Consulta sobre restrição cadastral do candidato. A lei e a realidade.



Ah, este assunto dá um pano pra várias mangas....

Tema de uma discussão acalorada na internet, resolvi escrever sobre este assunto tão polêmico.

Eu sento dos dois lados da mesa, sou empresária e também sou headhunter, mas o meu entendimento é único sobre este assunto, entendimento que foi construído considerando o aspecto pessoal do ser humano, a política e o cenário de empregabilidade no Brasil nos últimos 8 anos, a visão do empresário quando está contratando alguém e a visão do recrutador que foi contratado para colocar alguém em uma empresa.

Eu acredito que quando conseguimos avaliar uma questão de vários pontos de vista, nos aproximamos de um entendimento justo da situação.

Julgar é muito fácil e rápido. Pensar e ponderar sobre vários ângulos dá um trabalho.... e poucas pessoas nesta megalópole estão dispostas ou têm tempo para isso.

Vamos lá, consultar o CPF de um candidato é legal (no sentido de ser permitido pela Lei) ?

A resposta todos sabem, não é permitido, e esta prática é considerada como uma forma de discriminação se comprovada. Há várias jurisprudências neste sentido.

Mas apesar da proibição, a realidade é que muitas empresas fazem a discutida consulta antes de contratar seus funcionários.

Do ponto de vista pessoal, considerando o ser humano, acho absolutamente normal uma pessoa ter ficado um período sem trabalho ou renda e este fato ter afetado seu orçamento a ponto de prejudicar seu cadastro de crédito. Conheço várias pessoas que são idôneas, lutam para tentar regularizar seu crédito justamente em virtude de terem passado um período de dificuldade. Neste aspecto esta prática é injusta e até mesmo superficial e incoerente para determinar se um candidato que é qualificado pode ou não ser admitido por ter restrições de crédito.

Do ponto de vista político e social, o Brasil nos últimos 8 anos vem vivendo um período de desenvolvimento. Em algumas regiões do Brasil já se fala em pleno emprego. Apesar disto tudo, fazendo um  link com o outro post, pessoas com mais de 40 anos já encontram dificuldade para empregar-se (cenário que tento reverter todo santo dia), logo, sem renda, deixam de honrar seus compromissos até que consigam mudar de rumo, readquirir uma renda, readequarem-se ao seu novo orçamento e após, recuperarem seus créditos.

Do ponto de vista de um empresário ou um gestor de empresa, admitir um candidato traz sempre algumas preocupações, dependendo do cargo (área financeira, gerencia e outros cargos de confiança), o fato da pessoa ter o "nome sujo" pode parecer um péssimo indício, algo do tipo "se não consegue gerir seu cofre, vai poder gerir o cofre da empresa ? "

Apesar de financistas e gerentes serem humanos mortais, destes se cobra e se espera muito mais até mesmo pela natureza do seu trabalho, então acho até compreensível este tipo de precaução, mas não da forma discriminatória e superficial.

Como headhunter, trabalho dentro dos requisitos de meus clientes. Não cabe a mim fazer qualquer consulta porém, gosto de abordar na entrevista o assunto "restrição cadastral". Pergunto se a pessoa tem alguma restrição em seu nome que deseja declarar, e posso afirmar que em 99% das vezes quem está com problemas coloca isso de forma aberta, positiva e justificada, o que atende plenamente o meu objetivo.

Há tambem o aspecto "razoabilidade" da eventual restrição. Uma pessoa com salário mensal  de R$ 3.000,00 por mês  com dívidas de até 3 vezes este valor, pode justificar com mais facilidade a situação.

Já entrevistei candidatos com salário mensal de R$ 1.500,00 que deviam mais de R$ 30.000,00 no mercado. Há uma flagrante diferença entre o primeiro e o segundo não ?

A chave da questão está em analisarmos caso a caso e não de forma purista e isolada, senão, quantos bons candidatos serão rejeitados por este critério cruel ? Quanto mais fundo ficará o buraco em seus bolsos se novas oportunidades lhes serão negadas ?

Como eu aprecio uma boa discussão, proponho mais duas para incrementar esse post:

Você está contratando uma babá ou uma assistente do seu lar e resolve consultar os antecedentes ou o CPF das candidatas. Atire a primeira carteira de trabalho aquele que vai ignorar as restrições que aparecerem....você vai deixar seu filho com uma babá que tá devendo no cartão das Casas Bahia, protestada pela operadora de telefonia, ou vai preferir contratar aquela outra que não é uma "brastemp" mas tem o nome limpinho ? Você pode até não discriminar a pessoa, e  acabar contratando-a,  mas que vai querer investigar mais a fundo esses registros, com certeza vai não é mesmo ?

Outra boa discussão. Uma empresa  consulta o CPF dos candidatos antes da admissão. Pergunto, esta mesma empresa  faz pesquisas a cada 3 meses em seu corpo de funcionários ? Demite aqueles que tem restrições em seu nome ? Por que consulta e discrimina pessoas desempregadas, desesperadas para terem uma oportunidade de se reequilibrarem na vida e fecha os olhos para restrições de quem teoricamente tem salário todo mês ? Já pensou nisso ?

Fica para reflexão de todos.

Que possamos ter lucidez para enxergar as verdades e todos os ângulos de uma questão antes de julgarmos. Tudo parece diferente quando nos colocamos no lugar do outro.

Um grande abraço a todos vocês, e agradeço os emails e o prestígio ao meu trabalho no blog, faço com muito carinho para vocês.

Luciana Tegon

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Do you speak english ?


Pergunto, você fala inglês ? Respondeu sim ? Que bom para você, suas chances de empregar-se em oportunidades melhores e mais bem remuneradas são bem maiores, aliás, tem várias empresas procurando pessoas como você que fala duas línguas.

Respondeu não ? Então, preste atenção neste post !

Muitas pessoas ao concluirem a faculdade perguntam-se o que fazer depois, sugestões de cursos e especializações para incrementar seu currículo.

Há no mercado uma avalanche de MBAs, pós-graduações, doutorados, mestrados e outros títulos que podem ser conquistados até à distância, convidando esse mar de profissionais a se tornarem "estudantes profissionais".

Não, não sou contra cursos de especialização, pelo contrário, conhecimento nunca é demais, o cerne da reflexão que proponho neste post é avaliarmos a aplicação imediata do conhecimento adquirido.

Tenho trabalhado várias posições para meus clientes, aliás, graças a Deus o emprego está em alta e percebo que a cada 8 vagas que fazemos, pelo menos 5 exigem um segundo idioma, variando de intermediário à fluente.

E aí é que reside a minha preocupação como headhunter e o meu conselho aqui no blog para aqueles que estão procurando um curso ou aprimoramento profissional. Façam primeiro um idioma, preferencialmenteo inglês, e depois as desejadas especializações.

Vários são os motivos que todos nós temos para não estudar inglês, consegui até criar um ranking dos mais comuns !
- não tenho tempo
- não tenho dinheiro
- não quero fazer inglês no final de semana porque estou cansado(a)
- não uso inglês todos os dias então eu "enferrujo"
- o transito me impede de ir à escola
- sou tímido, não consigo falar inglês
 
Também tenho várias respostas incentivadoras para vocês, na mesma ordem das queixas acima:
- o tempo você é quem cria, você define suas prioridades e onde quer chegar
- tem vários pequenos cursos na net grátis ou com custo bem baixo, já é um começo pra você ir treinando
- se você realmente só tem o final de semana, encare o desafio, vai valer a pena
- você pode usar o inglês a todo momento, andar pela rua traduzindo mentalmente tudo que vê é uma ótima técnica, assistir filmes com legendas em inglês, ler livros em inglês, pensar em inglês, experimente...
- ok, o trânsito enlouquece todo mundo, mas a internet elimina a necessidade de deslocamento
- timidez se combate com segurança. Estude, e pratique, ninguem tem pronuncia perfeita e ninguem exige isso de nós, da mesma forma que todo mundo acha engraçado gringo falando "feijoada" e "caipirinha" em português. Além do mais, nós brasileiros somos naturalmente simpáticos, você deve ser capaz de compreender e ser compreendido, esta é sua meta. Faça o seu melhor.
 
Tem um ditado que meu marido diz que acho fantástico.
" O ótimo é inimigo do bom", sendo assim, faça o bom porque as vezes buscando o ótimo deixamos de agir e desistimos porque não nos achamos capazes.
 
Animados ? Não ? Então tomem coragem, definam seus objetivos e comecem a estudar, seja em casa, com CDS, no carro, no metrô, onde e como quiserem. Atitude !
 
O mundo está cada dia mais globalizado e o segundo idioma será mandatório em pouquissimo tempo, vai ficar fora desta ?
 
Boa semana para todos, tenham seus objetivos bem claros em suas mentes. O primeiro passo para o sucesso é o desejo de realizar algo.
 
Abraços a todos.
Luciana Tegon